Contar ou não contar, eis a questão! Associações com a satisfação das necessidades psicológicas básicas e motivação dos alunos na Educação Física

Autores

  • Inês Pereira Faculdade de Educação Física e Desporto, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.
  • Eliana Carraça Faculdade de Educação Física e Desporto, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e Centro Interdisciplinar de Estudo da Performance Humana (CIPER), Faculdade de Motricidade Humana, Universidade de Lisboa.

Resumo

Numa altura em que entrou em vigor o Decreto-Lei n.º139/2012 que retira a disciplina de Educação Física (EF) do cálculo da média final e da média de acesso ao ensino superior dos alunos pertencentes ao Ensino Secundário, este estudo teve como principal objetivo perceber a influência que esta alteração legislativa terá na satisfação das necessidades psicológicas básicas e na qualidade da motivação dos alunos do ensino secundário, durante o seu primeiro ano de aplicação (2012 -2013).

A amostra foi constituída por 617 alunos pertencentes ao Ensino Secundário, com idades compreendidas entre os 15 e os 21 anos. A perceção de satisfação das necessidades psicológicas básicas e as regulações motivacionais no contexto da EF foram avaliadas por questionários validados internacionalmente e adaptados para a língua portuguesa (Basic Psychological Needs Scale e Perceived Locus of Causality Questionnaire).

De uma forma geral, os resultados sugerem que os alunos cuja classificação conta para a média final possuem níveis superiores de perceção de satisfação das necessidades psicológicas básicas de autonomia, relacionamento com os professores e relacionamento com os colegas.

As diferenças inicialmente observadas entre os grupos no relacionamento com os professores e no relacionamento com os colegas mostraram-se dependentes da idade. O género, a classificação no ano anterior e a classificação habitual na disciplina de Educação Física não revelaram qualquer influência.

A regulação introjetada revelou-se também superior para os alunos cuja classificação contava para a média; resultados estes que se revelaram dependentes da idade. A variável “classificação conta para a média” foi identificada como preditor significativo da regulação introjetada; no entanto, repetindo a análise de regressão com a junção ao modelo as variáveis correspondentes à satisfação das necessidades psicológicas básicas, verificou-se que esta variável deixou de ser preditora, passando a variável relacionamento com os professores a ser preditora da regulação introjetada.

No geral, os alunos cuja classificação de EF contava para a média final apresentaram uma maior satisfação das necessidades psicológicas básicas do que os alunos cuja classificação não contava para a média. Porém, estes revelaram também maiores níveis de motivações controladas. Apesar das últimas parecerem estar mais relacionadas com a relação que os alunos estabelecem com o professor, é importante confirmar estes resultados e continuar a explorar as implicações deste decreto-lei na motivação e desempenho escolar dos alunos.

Downloads

Publicado

09-06-2017

Edição

Secção

Educação, Escola e Sociedade